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quarta-feira, 3 de junho de 2015

Rimasebatidas: NGA & Força Suprema: “Sou filho do rap” [Confere a Entrevista]


[Entrevista e FOTOS] Rimasebatidas

A Força Suprema opera nas margens do hip hop nacional há mais de uma década, traçando um caminho colado às ruas como alcatrão, colocando a Linha de Sintra no mapa do rap nacional com um marco bem visível. NGA é, claro, a figura dianteira do projecto: dono de um carisma imenso, tem afirmado a sua posição no panorama contemporâneo de MCs que rimam em língua portuguesa graças a uma intensidade própria, a rimas que carregam todo o peso da realidade e até – porque não dizê-lo? – graças também à coragem de não temer explorar avenidas que poucos outros rappers estão interessados em desbravar. NGA consegue ser thug num momento e completamente inocente no outro; duro e romântico; realista e sonhador. Para este MC, no que às temáticas diz respeito, parece não haver portas fechadas, só possibilidades em aberto. E é de assinalar que há dias conquistou o prémio de Melhor Artista Masculino do Ano e o de Melhor Rap/Hip Hop pelo tema “Mesmo Assim” nos Angola Music Awards.

Normal”, o ultimo vídeo que disponibilizou e mostra-o em topo de forma. E mostra também a sua ambição artística com um vídeo que tem valores de produção absolutamente surpreendentes para uma operação totalmente independente. Mas, pode o ReB adiantar, NGA pode estar a preparar-se para dar um significativo salto na sua carreira uma vez que se encontra em conversações com uma editora de topo. E a Força Suprema seguirá, certamente, os seus passos.

Fala-nos um bocadinho deste último som que largaste no YouTube e que é uma verdadeira bomba. O que não é normal, digo eu, é não estar o planeta inteiro a abanar a cabeça com este som.
[NGA] A faixa foi inspirada nas minhas vivências e eu não vivo uma vida que considere normal e não estou à espera que toda a gente, da noite para o dia, se identifique, porque até para mim houve mudanças drásticas. Por isso é que a faixa existe, porque há tanta coisa que está igual e porque há tanta coisa que não é normal na minha [vida] e na dos meus. Então não estou à espera que, de repente, se identifiquem. Como digo no som, “talvez mais tarde”. Mas eu acredito, como artista, porque assim me considero, que a nossa arte, mais cedo ou mais tarde, será julgada ou apreciada, se calhar quando já tivermos tirado o pé. Então, talvez mais tarde entendam a mensagem.

Conta-me a história do beat, da produção. Como é que descobriste o produtor, como é que chegaste até este beat, o que é que ele te fez sentir da primeira vez que ouviste?

O som começou quando estávamos a vir da Póvoa do Varzim e estávamos a curtir umas demos nossas no carro e tinha lá um refrão do Don G [Padrinho] em que ele dizia “não sei, não sei, não sei”. E eu estava a curtir o beat, o refrão, e comecei a escrever o verso. Só que o beat com que estava a pintar o quadro era muito suave e o que senti na altura em que vivi o que escrevi na música não foi suave, então precisava que o sound, que os instrumentos, estivesse ali na mesma vibe que eu, estivesse a sofrer, digamos assim, tivesse mais intensidade, mais dor. O Prodígio é que me apresentou o puto – Juzicy – e depois ouvi o beat: os drums, o piano, os instrumentos, estavam comigo, é como se estivessem a chamar-me, senti que era para mim. O Pro[dígio] conhece-me bem, e nós todos temos essa química, e quando me disse, “ouve isso, foi tipo uma peça de roupa que vi no teu corpo, um prato que vi na tua mesa, tu vais curtir”, eu ouvi e fiquei apaixonado. Fui buscar o que estava a pensar, a vibe que começou no som do Don G tinha ali espaço para poder viajar à vontade. O puto trouxe uma cena dark. Depois quando o conheci e ouvi mais beats dele e vi que a personalidade dele era sentida nos beats – porque ele não tinha muitos beats alegres, ele morria muito -, então entendi a vibe. O puto é de Rio de Mouro, da Linha de Sintra, aqui da nossa zona, foi coincidência, porque ouvi o beat primeiro, mas foi uma coincidência boa.


No texto que escrevemos no ReB sobre “Normal” destacámos a sua abordagem drill rap de Chicago. Tinhas isso na cabeça quando ouviste aquele beat? Tens ouvido música nessa onda?

Não especificamente, porque, nas mixtapes, uma pessoa consegue ter muita cena fora sem muita conversa. É sacar o beat na net, estás com feeling e é freestyle que sai, na maior parte das vezes. Mas em “Normal” não foi o caso. Como já tinha começado antes do sound, como já tinha uma noção, tinha algo dentro de mim que tinha de meter fora, quando ouvi aquele beat eu senti que era aquilo. Tem em comum [essa sonoridade drill rap] porque também curto rap, continuo a curtir, mas quando estou no estúdio a fazer a minha arte não penso nisso. É o que estou a sentir, quando estou a ouvir música, estou mesmo a ouvir música. Não pensei nisso especificamente, mas tem um som actual.

Eu sei que os beats não têm cor, mas estou curioso: o produtor é negro?

Sim é um puto black. Ele tem um ar pacato, ficámos todos apaixonados pelo beat e pelo puto, porque ele é quieto, não fala muito, mas quando põe play… E já produziu para fora.

Já estão a trabalhar em cima de mais beats dele?

Sim, sim. Ele produz muito, ele é muito bom.

[MASTA] Não tem como não, ele é muito bom.
Rimasebatidas: NGA & Força Suprema: “Sou filho do rap” [Confere a Entrevista]
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